quinta-feira, 30 de julho de 2009

Combater o racismo, lutar pelo socialismo!


O capitalismo no período de desenvolvimento das forças produtivas criou umas das mais reacionárias ideologias: o racismo.
A política de cotas ou reserva de vagas nas universidades públicas, no serviço público, empresas, programas de televisão etc, para negros. Chamadas de “ações afirmativas”, esta política nada tem a ver com as reivindicações dos trabalhadores, ou com reivindicações democráticas. Elas se destinam a perpetuar a competição inerente ao sistema capitalista e transforma o proletário em cidadão da corporação cotista sem ligação com sua classe ou origem social. Crias assim mais um obstáculo para a organização do proletariado como classe e incentiva o racismo.

Não existem raças humanas!

O racismo é fruto do enorme abismo econômico e social entre as classes sociais, e suas verdadeiras raízes só podem ser encontradas nos tortuosos caminhos em busca do lucro realizado pelo capital.

Dividir para melhor dominar!

O objetivo do imperialismo é destruir os movimentos negros que buscam o caminho do socialismo e assim ajudar toda a classe operária.
Quando surge uma organização (Panteras Negras) o imperialismo introduziu as drogas e a política de “reparação” para destruí-los.
Foram criadas umas séries de produtos específicos para os negros, como: shampoo, cosméticos especiais, remédios, pois existiriam doenças “de negros”.
Esta “indústria negra” tinha acima de tudo um objetivo político: tentar criar a classe média negra integrada ao sistema capitalista e que o defendesse já que a imensa massa de negros nada tinha a perder neste sistema a não ser sua forma.


Marxismo e ações afirmativas!


As políticas afirmativas desarmam ainda, política e ideologicamente, as forças dos revolucionários porque contribui para dividir o proletariado e os trabalhadores. Ao invés de, por exemplo, no caso das universidades, todos lutarmos pela universalização do ensino público, gratuito e de qualidade organiza-se os negros e os indígenas a lutarem por suas cotas “tomando” uma parcela das vagas que o capital (o orçamento nacional) concede para os “brancos europeus”.
Se os negros, índios, cafuzos, ou amarelos envolvidos são operários, trabalhadores ou burgueses, para a concepção de mundo “cotista” não faz a menor diferença. Esta contraposição do “corporativismo” de uma “raça” contra o de outra apenas reforça o racismo inerente a uma sociedade de classes, pois o que de fato contrapõe o índio, o negro e o branco não é a etnia, mas a dominação de classe e a existência da exploração do homem pelo homem após tanto tempo sob a regência da propriedade privada. Ou a África do Sul pós Mandela deixou de ser racista porque conta agora uma burguesia negra?
Outro argumento ridículo: as cotas seriam uma superação, ainda que parcial e limitada, da injustiça inerente ao direito burguês que não pode ir para além de igualar os desiguais. Postula que adoção das cotas seria um passo em direção à “de cada um de acordo com sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade”. Isto é uma falsificação consciente do conceito socialista, pois esconde e dissimula a existência do regime da propriedade privada dos grandes meios de produção, ou seja, de que a produção da riqueza é já social, mas que a sua apropriação continua privada.
As cotas cancelam o pertencimento de classe. Para as cotas, não importa se o individuo é burguês, trabalhador, camponês ou proletário. Tal como a ideologia burguesa dissolve o indivíduo em um cidadão abstrato, carente de determinações sociais e, assim, cancela as classes sociais pelo critério racista da cor da pele.
Os marxistas devem denunciar e combater as “políticas afirmativas”, entre elas as cotas, e do tipo de política baseada em conceitos de “raças” pela função social que exercem: reproduzem e renovam os preconceitos e o racismo de todos os tipos ao invés de combatê-los; fortalecem o particularismo e o espírito corporativo, desarmam e enfraquecem a critica revolucionária da sociedade e, por fim, dividem os trabalhadores entre as diferentes “raças” criando mais um obstáculo a ser superado na luta contra o capitalismo.


Mayara I. Colzani